Pênis decepados em Presidente Venceslau foram jogados no lixo, segundo relato do mutilador à Polícia Civil
12/01/2019 08:28 em Novidades
Por Mateus Tarifa e Stephanie Fonseca, TV Fronteira e G1 Presidente Prudente
 
Foto: Mateus Tarifa/TV Fronteira
 
A Polícia Civil de Presidente Venceslau anunciou nesta sexta-feira (11), durante entrevista coletiva, o encerramento dos inquéritos que investigaram as mutilações de órgãos sexuais de dois homens, de 48 e 63 anos, e na tentativa da mesma prática de outra vítima, de 50 anos. O caso foi fechado com uma autoria e o autor preso preventivamente. Ele está recluso na Penitenciária 1 de Presidente Venceslau e não há definições sobre transferência.
 
O desfecho do caso foi anunciado pelos delegados Adalberto Gonini Júnior, Everson Aparecido Contelli e Ellison Yukio Hasai. As investigações descobriram que os órgãos genitais decepados foram jogados no lixo pelo mutilador.
 
“O que foi difícil nessa investigação, inicialmente, foi o estado de memória das vítimas, porque nós percebemos que ele procurou vítimas em extrema vulnerabilidade. São pessoas que costumeiramente utilizam-se de bebidas alcoólicas e essas pessoas estavam ali em estado de vulnerabilidade, o que facilitou a utilização inclusive da tesoura. Não foi um corte latente, foram vários cortes para mutilar o membro”, contou a Polícia Civil.
 
Como a lesão é gravíssima, cada inquérito – no total, são três – consta uma pena de reclusão que pode ir de dois a oito anos.
 
“Como ele estava cumprindo pena em regime aberto (quanto aos últimos crimes sexuais, que eram cumpridos na Penitenciária 1 de Presidente Venceslau), essa pena será regredida para o regime fechado. Então, a somatória da sanção desses três crimes será somada à pena que ele ainda está cumprindo”, salientou a polícia.
 
A sequência de crimes não foi definida, pois as vítimas estavam em estado de alcoolismo e não se recordam. Contudo, a polícia suspeita de que o terceiro homem a aparecer tenha sido a primeira vítima e, diante da tentativa frustrada, o autor continuou pela praça no Centro da cidade e atacou as outras duas vítimas.
 
Foram constatados os locais de dois dos três ataques, já que um deles ainda está com “a memória debilitada”.
 
‘Desvio psiquiátrico’
O preso, de 43 anos, conforme contou a Polícia Civil, era uma pessoa integrada à sociedade, fazia faxina em casas, era cabeleireiro e cozinheiro, mas tem “esse desvio, que podemos chamar de até psicopata, porque não é normal esse tipo de ação”.
 
“É uma pessoa extremamente desenvolta, que se expressa muito bem, conhece de vinhos, conhece de cozinha e essa parte sexual, essa parte criminal pode ser um desvio psiquiátrico”, declarou a Polícia Civil.
 
Conforme a polícia, o autor disse que não conhecia as vítimas e quando é questionada a motivação “ele invoca esse lapso de consciência”.
 
“Segundo ele, nesse lapso de consciência, ele acorda na casa dele no dia seguinte, olha ao lado do colchão e encontra os órgãos e, então, coloca num saco de lixo junto a roupas e coloca na frente de casa para recolhimento”, descreveu a polícia.
 
Como era feriado de Réveillon, o recolhimento do lixo levou dois dias para ser feito. Mas a sacola onde estavam os pênis decepados foi descartada.
 
Investigações
Foi relatado pela Polícia Civil que durante todo o dia 31 de dezembro, quando ocorreram os crimes, houve um trabalho “exaustivo” de campo para tentar obter imagens de câmeras de segurança.
 
Alguns suspeitos foram conduzidos à delegacia, fotografados e entrevistados, bem como houve a tentativa de reconhecimento, porém, devido ao estado de saúde das vítimas, não foi possível. Posteriormente, houve a transferência das vítimas para o Hospital Regional (HR), em Presidente Prudente.
 
As investigações continuaram, até que foram localizadas manchas de sangue na Praça da Igreja Matriz de Presidente Venceslau. A partir da constatação, as ações se concentraram nas imediações daquela área, quando foram localizadas imagens de câmeras de estabelecimentos comerciais e, por meio dos vídeos, a Polícia Civil identificou que uma das vítimas foi captada na companhia de um homem.
 
Durante as apurações, segundo a polícia, houve testemunhas “que foram fundamentais para o esclarecimento do caso”.
 
“Uma testemunha nos informou que realmente havia presenciado uma das vítimas na Praça da Igreja Matriz na companhia de outro homem. Foi fornecida a imagem desta câmera de segurança e a testemunha confirmou que eram as pessoas que havia presenciado no dia 31 de dezembro de 2018”, relatou.
 
A partir do depoimento, surgiu uma segunda testemunha que, além de confirmar a presença de uma das vítimas na praça na companhia de mais uma pessoa, também reconhecida por imagens, ela forneceu à corporação o apelido do suspeito.
 
Posteriormente, os levantamentos foram aprofundados e o suspeito, identificado. Também foi descoberto o imóvel onde o indivíduo morava de aluguel.
 
“Apuramos que essa pessoa ostentava várias passagens criminais, dentre elas dois crimes sexuais, o antigo crime de atentado violento ao pudor, cujas vítimas são do sexo masculino (e menores de idade), e nesse exato momento da localização da identificação do possível autor, no dia 4 de janeiro, nossa equipe da DIG/Dise [Delegacia de Investigações Gerais e Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes] foi informada de que no Pronto-socorro local havia dado entrada um homem com uma lesão no órgão genital, tipicamente, de uma tentativa de mutilação”, declarou a polícia.
 
Diante da informação, a equipe se descolou ao hospital e contatou a equipe médica, bem como a vítima, de 50 anos, que relatou sua versão dos fatos ocorridos na praça.
 
Equipes da polícia mostraram à vítima as imagens já obtidas e fotos do investigado, o terceiro homem não teve dúvidas e o apontou como autor da lesão.
 
Foram formalizadas as provas e, como medida de urgência, a Polícia Civil representou pela prisão preventiva do investigado, além do pedido de mandado de busca domiciliar, que foram concedidas pela Justiça e, ao final da noite, efetuada a detenção do homem. Ele havia acabo de consumir uma porção de crack.
 
Após a prisão, foi possível o reconhecimento pessoal com a terceira vítima.
 
No terceiro caso, foi confirmado que as lesões foram feitas com tesoura e que não houve a amputação em razão das condições físicas da vítima viabilizarem a reação contra o agressor, que deixou o local proferindo ameaças.
 
De início, o preso negou a prática, mas diante das provas acabou por confessar o crime, porém, com a ressalva de que não estava consciente. Ele agiu sozinho.
 
Já receberam alta hospitalar as vítimas de 48 e 63 anos.
 
Em nota ao G1 nesta sexta-feira (11), a Assessoria de Imprensa da Santa Casa de Presidente Venceslau informou que o paciente de 50 anos “evadiu-se” do hospital na noite da segunda-feira (7).
 
“O hospital comunicou as autoridades e registrou um Boletim de Ocorrência. O paciente não retornou para seguir tratamento”, informou a Santa Casa ao G1.
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